“Que nada te perturbe, que nada te atemorize. Todas as coisas passam. Só Deus nunca muda. Quem tem Deus não precisa de nada. Somente Deus é o bastante”. Santa Teresa de Ávila. Cristianismo
“A fé é a comprovação obtida pelo coração, a confissão feita pela língua, a ação realizada pelas mãos”. Provérbio Sufi. Islamismo.
“É o caráter firme e gentil que permite que a corda da vida não arrebente na mão de uma pessoa”. Provérbio Ioruba
“Como a flor bela e apreciada, mas sem perfume, apesar de exuberante no aspecto, assim são as palavras bonitas de quem não as pratica”. Budismo: Dhammapada
“O homem deveria se esforçar para ser tão flexível quanto o junco, ainda que tão firme quanto o cedro”. Judaísmo: Talmud
“Seja humilde e permanecerá íntegro. O sábio não se mostra, e por isso brilha. Ele não se afirma, e por isso é notado. Ele não se enaltece, e por isso recebe o mérito. Ele não se glorifica, e por isso se sobressai na excelência”. Taoísmo: Tao Te King, 7
Tradições e mitologias nas empresas
Nessa era de complexidades e paradoxos a cultura tem grande relevância política e empresarial. Pela cultura se manifesta não somente a consciência de um povo, mas a alma nacional. Dentro de uma economia interdependente é de fundamental importância saber dialogar com as diferentes culturas e conhecer os princípios e valores que as regem para que exista uma comunicação harmonica e daí nasçam parcerias férteis. Nossa cultura vem sendo escravizada por idéias, costumes e valores introjetados pela dominação do colonizador desde o início do descobrimento, e as rédeas que a conduzem desde então são as mesmas só mudaram as mãos que as sustentam. Formamos uma sociedade pré-moderna de costumes escravagistas, alheia aos valores humanos, ao bem estar das pessoas e a preservação da natureza. Atualmente 10% dos mais ricos detêm 47% da renda do trabalho; dados que resultam de um modelo perverso que dominou a educação, a cultura, a economia, a produção e as instituições. A submissão cultural nos impõe sua ética e estética e assim define modelos de políticas publicas, hábitos alimentares e culturais, estilos de comunicação, de produção e estabelece padrões de escolhas, ditando o que apreciar e consumir. A alma brasileira foi aprisionada e por esta razão, nossa auto - estima é baixa e nossa verdadeira identidade desconhecida. Precisamos nos conectar com a nossa ancestralidade para construirmos a contemporaneidade de forma responsável e coerente. Com isso não estou defendendo uma cultura fechada em si mesma, até porque seria impossível, além de pernicioso. Até porque, este é o país do acolhimento, onde ninguém é estrangeiro no coração do seu povo. Aqui é o lugar onde o incompatível se compatibiliza. O fato é que a alma brasileira foi abandonada, e toda situação de abandono traz consigo dois posicionamentos: a autopiedade e a inércia, ou a oportunidade de transformações e soluções. Todo movimento de construção inovadora está conectado com as transformações interiores que nos conduzem a novos patamares de percepção e compreensão, que propiciam a oportunidade de transfigurar nosso olhar diante de perdas e desafios. Estamos em ritmo de mudanças e novas realidades sempre nascem de um sonho posto em ação, e se concretiza na medida que nossa autoconfiança e entusiasmo avançam. Assim será a reconstrução da nossa verdadeira identidade como indivíduos, povo e nação. Os valores humanos são estruturais no processo desse despertar de consciência. Pela pratica desses valores revelamos a plenitude da nossa humanidade e redimensionamos o sentido de estar vivo. Acredito ousadia e coragem sejam necessárias para encarar essas transformações com dinamismo e criatividade, dando e recebendo na teia da interdependência, respeitando e interagindo com outras culturas, mitologias, religiões e valores dos diferentes povos.
Arte e Mitologia - A Linguagem da alma
As artes e as mitologias têm papel importante no resgate da alma cativa de um povo porque estão sempre abertas a novas sínteses, e libertam a criatividade das amarras do comodismo porque nascem da nossa interioridade manifestando o poder do espírito. A arte é a expressão da inspiração a serviço do Bem e da Beleza. Por isso devemos compreender a arte como conexão com a beleza, ou seja, o que trazemos de melhor dentro de nós. A mitologia enuncia o universo inconsciente mágico e mítico, assim como as qualidades e valores que sustentam estruturas sociais, éticas, políticas e espirituais de cada povo. A arte e a mitologia descortinam os domínios da alma. O fascínio da mitologia e das artes reside na linguagem simbólica que revela muito mais que a linguagem lógica e do raciocínio analógico. Ambas têm a capacidade de congregar anseios legítimos de ultrapassar limites, descobrir novos rumos e criar o novo. Conceitos e palavras são símbolos assim como rituais e imagens, porém a arte e a mitologia refletem a realidade transcendente que impregna todos eles. Está na hora de fomentar a cultura da integralidade onde nada é isso ou aquilo, mas sempre isso e aquilo. Estamos vivendo no limiar do trágico para o mágico, reencontrando e criando nossos símbolos, mitos e lendas refazendo elos culturais. Nossa história e origem não foram destruídas; apenas ignoradas, e aos poucos estamos reencontrando os mananciais de onde brotaram. A construção da nossa identidade cultural resgata o amor pela e da Mãe Pátria e na quentura do seu colo farto e moreno, ela nos orientará e encorajará para criarmos um modelo brasileiro de organização cultural, social e empresarial. Na organização familiar o amor da mãe nos conscientiza do valor próprio e de sermos portadores de valor, define o nosso lugar no mundo, e os projetos de vida. O amor do pai provê e ensina regras e leis e a direção a seguir. Tudo nos aponta na direção da integração cultural. É chegada a hora de comungar com outros povos unificando o espírito e o mundo. Para isso temos que conhecer nossa civilização, e saber que cada época concebe seus próprios símbolos e novas realidades. A mitologia nos conduz para a interioridade e conforme vamos entrando em contato com o nosso Ser, esse centro de excelência que existe em cada ser humano, e que se fortalece quando age em rede, nos inspiramos e atuamos movidos pelo amor e pela fé na vida. É verdade que a consciência racional, objetiva e unilateral se defende, duvida e divide. As preferências e opções se restringem ao que lhe afeta e a razão tende a rejeitar o que aparentemente não lhe concerne. Recuperar a capacidade de reconhecer e lidar com o mágico é desvendar e integrar na consciência o que a vida oculta. O universo simbólico concede o olhar de ultrapassagem do concreto para o abstrato e criativo. Essa é a maneira de comungar com a alma universal e criar beleza, progresso e desenvolvimento humano pleno. Quando a consciência transcende a objetividade, e a representação dualista da existência, abre as portas para a participação criativa e as idéias e metas adquirem um sentido mais amplo. A cultura brasileira é permeada pela espiritualidade que se expressa na diversidade de estilos e gêneros de arte, tendo a mística como mantenedora da sua unidade essencial. Carl Gustav Yung diz que a cultura surge do inconsciente e este é a matriz do consciente. Sri Yogananda, grande filósofo e mestre espiritual indiano unificou o pensamento cientifico e a busca da autorealização, e certa vez disse: “Fortes afirmações conscientes reagem no corpo e na mente, por intermédio da subconsciência. Afirmações ainda mais fortes alcançam não apenas a mente subconsciente, mas também, a mente supraconsciente - o armazém mágico dos poderes miraculosos”. Essa é a lei universal do êxito”. Mergulhar no inconsciente coletivo pela arte e pelas diversas mitologias nos ajuda a ter uma compreensão que ultrapassa o intelecto porque acionamos a inteligência do coração. As artes e as mitologias trazem, não somente a informação, mas a transformação, o que permite a consciência ultrapassar fronteiras. Isso propicia uma nova compreensão não só do mundo exterior, mas da própria existência.
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